Para muitos, o mais enigmático
dos militares que compõem o núcleo central do governo Bolsonaro é o
vice-presidente, General Antônio Hamilton Martins Mourão. No período da
campanha eleitoral, foi o terceiro nome indicado a compor a chapa presidencial
de Bolsonaro. Comemorado pela direita conservadora e acusado de algoz pela
mídia oficial, após as eleições de 2018 passou a ser criticado tanto por alguns militares quanto por alguns segmentos da direita.
Designado pela mídia
oficial como defensor de torturadores por ter chamado o Coronel Brilhante Ustra
de herói, no seu último discurso como general da ativa, agora é o queridinho dos
meios de comunicação de massa e, pasmem, também da militância esquerdista.
Mas, afinal, quem é o General
Mourão e qual é a sua missão, digo, função no novo governo brasileiro? Se descobrirmos
qual é a tarefa delegada ao nosso vice-presidente, então conseguiremos
certamente elucidar esse mistério. Se guiar pela grande mídia é tomar o bonde
errado, como dizia meu velho.
General Mourão (65) é gaúcho de
Porto Alegre, filho do General de divisão Antonio Hamilton Mourão, transferido
do Estado do Amazonas para o sul, e da sra. Wanda Coronel Martins Mourão. O
menino Antônio Hamilton iniciou sua formação escolar no Colégio Militar na
capital riograndense. Ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras aos 19
anos, de onde saiu em 1975 como aspirante a oficial da Arma da Artilharia.
Após, realizou aperfeiçoamento de altos estudos militares na Escola de Comando
e Estado-Maior do Exército e do Curso de Política, Estratégia e Alta
Administração do Exército. Possui formação de curso de paraquedista e de guerra
na selva. No seu currículo consta ainda os seguintes comandos: 27° Grupo de
Artilharia de Campanha; 2ª Brigada de Infantaria de Selva; 6ª Divisão de
Exército; Comando Militar do Sul; Secretaria de Economia e Finanças (unidade orçamentária
do Comando do Exército). Foi instrutor da AMAN (Academia Militar das Agulhas
Negras) e cumpriu duas missões no exterior: Missão de Paz em Angola e foi adido militar na
Embaixada do Brasil na Venezuela. Quando passou para a reserva, em 2018, após
ter declarado, com justa indignação, que o então presidente e o até então
encarcerado Michel Temer “faz do governo um balcão de negócios para manter-se
no poder”, foi aclamado por unanimidade presidente do prestigiado Clube
Militar. Em meados de 2018, após indicações frustradas do PSL, o general foi
convidado para compor a chapa concorrente à presidência do Brasil com o também
militar e ex-deputado federal Jair Messias Bolsonaro. Há quem diga que o
General Mourão sequer era o plano B de Bolsonaro a vice. Porém, poucos lembram
que o General Mourão foi o primeiro militar da ativa a apoiar publicamente Jair
Bolsonaro, em 2017. Assim é bastante duvidoso o furor da mídia em espalhar que
Mourão foi escolhido pelo acaso, como se não houvesse uma simetria de
pensamento político anterior entre ambos militares. Mídia embusteira.
Vamos rememorar alguns fatos que
poderão nos orientar de forma segura quanto às camaleônicas (na verdade
camufladas) declarações e ações do nosso diligente vice-presidente:
1)
Palestra na Loja Maçônica Grande Oriente em
Brasília (2017)
A repercussão
da palestra em evento promovido pela Maçonaria em 2017, em Brasília, fez o
General Hamilton Mourão ficar conhecido em todo o Brasil e até no exterior.
Indignado com a politicaria praticada nos últimos governos, o militar ponderou
sobre uma possível intervenção das Forças Armadas caso os três poderes não
resolvessem por si mesmos a pouca-vergonha. Chegou a mandar um “recado” ao
judiciário -”ou tiram esses elementos envolvidos em todos os ilícitos ou o
Exército terá de se impor”. Imediatamente a mídia “justiceira” e “democrática”
exigiu uma punição severa ao general “insurgente”. Porém, muito antes, em 2015,
Mourão já havia dito que retirar a presidenta do poder, embora necessário
fosse, não seria suficiente para mudar o Brasil – seria preciso um despertar
patriótico por parte da sociedade.
Pois é, a
mesma mídia que exigiu, em nome de uma pseudodemocracia, o corretivo a um
militar que, segundo ela, ousou afrontar um governo civil, agora o adula e fantasia
com a possibilidade de tê-lo como presidente da República. Mas a mensageira de
fake News não perde por esperar, contam que o General Mourão tem uma memória de
elefante.
2)
Último discurso como General da Ativa (2018)
Por ocasião da sua passagem da
ativa para a reserva, em seu último discurso no Salão de Honras do Comando
Militar do Exército, homenageou o Coronel Carlos Brilhante Ustra, e o designou de
herói, a mesma deferência feita por Bolsonaro na sessão de impeachment de Dilma,
em 2016, na Câmara de Deputados.
Não vamos esquecer que a mídia
oficial deu grande destaque à declaração difamatória do cantor Geraldo Azevedo ao
afirmar que o General Mourão o havia torturado no período do governo militar.
Todavia, em 1969 Mourão contava com a idade 16 anos. A fake News alardeada em
todos os veículos de comunicação foi imediatamente abafada e o general Mourão
limitou-se a esclarecer que “a acusação é uma falsa notícia para disseminar
informações erradas sobre a campanha de Bolsonaro” e que tomaria as devidas
providências judiciais. Observemos que já há traços no seu comportamento que indicam
aversão à polêmica e também houve discrição quanto às providências tomadas.
3)
Eleito por unanimidade como presidente do Clube
Militar (2018)
Isso denota claramente que, ao
contrário do que se lê na mídia e nas redes sociais, a maioria do oficialato
está em perfeita sintonia no que tange à construção de um novo projeto político
para o Brasil. Os militares de alto escalão não têm divergência alguma quanto
às políticas propostas pelo governo Bolsonaro.
Para quem não sabe, em atitude
inédita, os oficiais do Exército abriram mão de suas candidaturas para
concorrer à direção do Clube Militar em favor da chapa única do General Mourão.
4)
Entrevista em Porto Alegre (2019)
No último dia 22 de março, em
visita ao Rio Grande do Sul, o vice-presidente concedeu uma entrevista a uma
emissora de rádio local. Em que pese os jornalistas sempre lançarem perguntas capciosas
a fim de construírem manchetes e narrativas rocambolescas em relação ao
pronunciamento do general Mourão, o vice tem demonstrado coerência com o seu pensamento
e filosofia de vida. O general Mourão é um positivista, um humanista, um liberal
– frequenta a maçonaria e a Igreja Católica. Não vou discorrer sobre esses temas
neste texto, mas posso afirmar que não há alguma incoerência ou contradição nesses
posicionamentos. Mais de uma vez ele disse publicamente que reconhece e
respeita o eleitorado conservador de Bolsonaro e que é tácito que esse governo
é conservador. Naturalmente, a mídia guiada pelo método “luz e sombra” não dá
destaque, encobre o que não lhe agrada.
Na entrevista acima citada, o
general mais uma vez se mostrou em completa harmonia com o governo e coerente
com declarações que vem fazendo há mais de quatro anos. Ele disse que considera
a prisão do ex-presidente Temer lamentável para o Brasil, porém “passa uma
mensagem muito forte, muito significativa, de que finalmente a lei é para todos”.
Sobre a reforma da previdência e
do projeto anticrime disse que é fundamental “ter a perseverança necessária e a
paciência para levar esse assunto e convencer o conjunto, não só da população,
como do parlamento, da necessidade dessa reforma”. Ressaltou que ruídos ocorrem
e que causam algum estranhamento, mas que com diálogo tudo será resolvido. Elogiou
o pacote do ministro Sérgio Moro e acrescentou que “é muito importante que
fosse aprovado”. Sinalizou que na questão sobre o aparato policial estadual, o
governo federal está atento e pretende auxiliar, dentro da lei, enfatizou.
Sobre o MEC, ele foi duro “tem de tomar um freio de arrumação – o presidente já
conversou com o ministro Ricardo Vélez e isso será organizado nos próximos dias”.
Finalizando a entrevista, a dissimulada jornalista, que faz parte da rede
esgoto, o inquiriu sobre as críticas feitas a ele pelo professor OC. Muito
tranquilo, o general Mourão respondeu: não tem importância – “acho que podemos
rebater ideias com argumentos convincentes, mas as ofensas mostram que a pessoa
não tem argumentos, é dessa forma que vejo”.
O mais significativo da
entrevista, no meu entendimento, é a parte em que ele esclarece para o bom
entendedor, vez por todas, a missão da qual foi incumbido. Quando perguntado
jocosamente pela jornalista se estava sendo difícil lidar com as “idiossincrasias”
do governo, ele respondeu: “a gente vai se adaptando, política se faz no dia a
dia, seja dentro de casa ou no prédio em que moramos. Tendo eu acumulado grande
experiência no Exército, dentro e fora do Brasil, não achei difícil a adaptação.
Disse ainda que o seu papel no governo é ouvir as demandas da sociedade civil e
seus diversos segmentos e leva-las ao presidente Bolsonaro e aos ministros. A
missão do nosso vice-presidente é muito clara – é ele quem vai no front da
batalha para o reconhecimento das disputas entre os vários agentes que integram
a sociedade brasileira e identifica os possíveis conflitos. Nobre missão. É
natural que os donos das armas primem pela paz, e nós também, não é mesmo?
5)
Reflexão final
A quem interessa perturbar esse
governo composto por um presidente militar, um vice-presidente militar, um
porta-voz da presidência militar, mais oito ministros militares. Já não temos
um governo militar?
Lembremo-nos todos que quando Gustavo
Bebianno foi exonerado em menos de 60 dias de governo, quem assumiu? O oitavo
general – Floriano Peixoto assumiu a Secretaria Geral da Presidência. Tudo está
a indicar que em breve teremos outras baixas. A troca de membros, até que seja encontrada
a excelência de uma equipe de trabalho, é algo comum e nada tem a ver com
crises no governo como a mídia pérfida obstinadamente tenta fazer crer aos
incautos.
Dou-lhes um exemplo: amanhã à
noite o General Mourão será o convidado de honra em um jantar oferecido pelo
empresário e presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em sua residência. O que a mídia
propaga? Acometida por um delírio esquizofrênico agudo, afirma que a elite econômica
sabedora da queda de Bolsonaro acena para um presidente militar moderado. A
sandice dessa escumalha de pseudojornalistas vermelhos não tem limite, nem
mesmo o limite do ridículo. Pior ainda são os que leem e acreditam que possa
existir uma possibilidade, remota que seja, de os militares brasileiros se prestarem
ao papel de golpistas e traidores da Pátria. Opa! Aí está o cerne da questão. Essa
é a imagem que a mídia tem dos militares brasileiros: golpistas. Neste momento,
nada de melhor poderia acontecer para a esquerda assolada – imaginem só o
discurso de golpe, ditadura, presos políticos, denúncias a ONU e tudo o mais
que sabemos ser a súcia progressista comunista capaz de fazer. Ademais, quem
acompanha o twitter sabe o quanto essa ideia tem mantida acesa a esperança da
militância petista: eles estão à espera de um milagre do golpe. Óh! Coitados, isso
jamais vai ocorrer. Se o Exército fosse afeito a golpes, o teria feito em 2016 quando
Dilma Rousseff, sabedora que seu impeachment era irreversível, chamou o então
Comandante do Exército, General Villas Bôas, e assuntou a sua opinião sobre ela
decretar o Estado de Emergência no
Brasil. Decretado o Estado de Emergência, os direitos e as liberdades dos cidadãos,
garantidas na Constituição, são extintos e o governo pode interferir
diretamente no Legislativo e no Judiciário.
O grande General Villas Bôas respondeu
para a aprendiz de golpista - “nas Forças Armadas temos uma tradição, quando
recebemos uma ordem ilegal, mandamos prender a pessoa que deu a ordem”. Eu
pergunto – tem como não amar o nosso Exército de Caxias?
Somente quem não está no seu
juízo perfeito, ou mal informado, pode pensar que um General cinco estrelas,
com o histórico acima resumidamente descrito, estaria inclinado a dar um golpe
de esquerda ou, pior, colocar em risco as Forças Armadas, ao conspirar com
hostes progressistas nacionais e internacionais.
Mais uma vez as Forças Armadas do
Brasil tomaram para si a missão de pacificar o País e o coloca-lo nos trilhos
do progresso. Deixemos a mídia inconformada, viúva do petismo, continuar com o
delírio de golpe. Ela produz somente resíduos pútridos. Quem comer, morre.
Neste momento temos uma só missão
– emparedar o chileno para que coloque as medidas do governo para votação na Câmara e encarar
o STF “face to face” para que não solte os saqueadores da Pátria.
Não há crise no governo
Bolsonaro, não há conspiração, não haverá golpe no Brasil. Tudo intriga da
oposição moribunda que busca desesperadamente uma tábua de salvação. Não
sejamos nós essa tábua!
General Mourão é faca na caveira,
ok?
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