Convido a
todos a refletirem comigo sobre uma sequência de eventos que, sem uma
contextualização, parecem desconexos. Todavia, quando os colocamos graficamente
em sucessão se revelam com alguma lógica conectiva. Cada um que tire as suas
próprias conclusões. Descrevo os fatos:
I - Dilma
Rousseff sancionou em 29.09.2015, em edição extra do Diário Oficial da União, o
projeto de lei de reforma política com os vetos ao financiamento privado de
campanhas e ao voto impresso;
II - Na
noite de 18 de novembro de 2015, o Congresso Nacional derrubou o veto da então
presidente Dilma. Foram 368 deputados que votaram pela derrubada do veto, 50
pela manutenção e uma abstenção. Na mesma noite, o senador Renan Calheiros
segurou por cerca de uma hora a votação entre os senadores até garantir um
quórum para derrubar o veto da presidenta;
III -
Ficou acertado na Lei 13.165/2015 que a impressão do voto seria obrigatória a
partir das eleições gerais de 2018. A votação continuaria a ser eletrônica,
porém um boletim seria impresso para conferência do voto. O eleitor não ficaria
com o comprovante, nem teria acesso ao papel impresso. Porém o registro
impresso seria depositado em local lacrado para garantir o total sigilo do
voto. Em caso de suspeita de fraude, a Justiça Eleitoral poderia auditar os
votos, comparando os registrados na urna eletrônica com os que foram
depositados na urna física;
IV - Em 5
de fevereiro de 2018, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, entrou
com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF)
contra a implantação do voto impresso nas eleições de outubro deste ano. O
argumento da procuradora foi o de que a impressão do voto impresso poderia
representar risco à confiabilidade do sistema eleitoral, fragilizando o nível
de segurança e eficácia da expressão da soberania nacional (alguém entendeu o
argumento dela?);
V - Em
março de 2018, os advogados do Senado se manifestaram contra a ação da
procuradora que tentava anular a Lei do voto impresso. Eles derrubaram a tese
de que a impressão dos votos violaria o sigilo constitucional e ainda
denunciaram a interferência da PGR no Legislativo;
VI -
Curiosamente, a partir de um novo pedido da procuradora Raquel Dodge, em junho
de 2018, o STF derrubou o voto impresso nas eleições de outubro.
VII - No
mês de setembro, o juiz federal Eduardo Luiz Rocha Cubas foi afastado pelo
corregedor nacional da Justiça, após a Advocacia-Geral da União (AGU)
apresentar reclamação disciplinar questionando a atuação dele em uma ação
popular que questionava a credibilidade das urnas eletrônicas. O magistrado
pretendia conceder uma liminar para o Exército recolher as urnas em seções
eleitorais do País para a realização de testes de segurança. O juiz Cubas
afirmou que iria publicar a liminar às
17h de sexta-feira, 5 de outubro, para que não houvesse tempo de ela ser
revertida. Segundo o Estadão ( 9.10.2018 ) o Comando do Exército Brasileiro
apresentou provas que corroboraram com a denúncia apresentada pela Advocacia
Geral da União;
VIII -
Logo após o término do pleito do dia 7 último, milhares de denúncias sobre
possíveis fraudes nas urnas foram veiculadas na internet, grande parte dos
denunciantes são eleitores da região nordeste.
Entre as queixas estão 1) o eleitor digitou o número do seu candidato e
apareceu outro número, 2) a foto do candidato de preferência do eleitor não
apareceu no visor da urna, 3) a finalização da votação não registrou a
confirmação do voto, 4) ao procurar o presidente da seção para fazer o registro
da ocorrência, essa foi registrada em rascunho e não em ata, o que não permitiu
a assinatura do eleitor, 4) o STE transferiu a seção eleitoral de vários
cidadãos sem aviso prévio. Isso fez com que muitos eleitores tenham desistido
de votar. Sobre o último evento relatado, sou testemunha ocular na zona
eleitoral 111, em Porto Alegre.
IX - No
domingo à noite, o ministro da (in) segurança pública, o comunista-raiz Raul
Jungmann, em cadeia nacional pela Rede Globo, rechaça de antemão qualquer
probabilidade de fraude nas urnas eletrônicas e declara "quero avisar que
estamos chegando aos responsáveis (pelas denúncias) e eles serão denunciados
pelo Ministério Público e enquadrados em falsidade ideológica ou crime contra a
honra. Confesso que fiquei perplexa diante do autoritarismo do ministro. Ora,
Jungmann não cometeu crime de prevaricação ao afirmar que não vai investigar as
denúncias de fraude e ainda punir os que insistirem em denuncia-las? Isso é
democracia bolivariana ou já é o comunismo em curso mostrando as suas garras?
X - Na
segunda-feira (8), representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA),
após percorrerem 390 seções eleitorais, em 12 Estados e o Distrito Federal, em
relatório descartaram veementemente problemas nas urnas eletrônicas e que o
"processo" adotado pelo Brasil é seguro. Quem afirmou foi a
"chefa" da missão da OEA, a ex-presidenta da Costa Rica, Laura
Chinchilla. Laura é cientista política ligada a movimentos sociais e o seu
partido é membro da internacional socialista, cujo lema é "política
progressista para um mundo melhor". Creio que sobre o assunto todos nós
aqui já somos iniciados, por isso vou abster-me de comentários adicionais;
XI - Hoje,
no Twitter, uma das principais Hashtags era #VotoManual. Icaro Fonseca
escreveu:
"Jair
Bolsonaro é vítima de boa soma do próprio eleitorado que aceitou passivamente a
apuração secreta que é inválida. Que aceitou fraudes em centenas de urnas
denunciadas, e facada sem investigação. Aceitou fake news que extinguiu milhões
de votos. E aceita um réu como oponente". @jairbolsonaro curtiu a
postagem.
Acredito
que o recado esteja dado. Se Jair Bolsonaro sair derrotado desta eleição, a
responsabilidade será dos seus eleitores, e derrotado também estará o Brasil.
#VotoManual #VotoImpresso
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