Um livre-pensador é aquele que não permite a interferência de qualquer autoridade sobre as suas concepções da realidade. Por autoridade entende-se ideologias, religiões, instituições, corporações, partidos políticos ou qualquer outra interposição, venha de quem vier - ciência não se faz com fanatismo nem com tolerância nem com coleguismo. Por isso os incautos e os inscientes geralmente ficam indignados com os livre-pensadores.
Absurdamente, alguém poderá pensar que quem dedicou uma vida ao saber vai se colocar como "defensor" de figuras públicas ou de alguma instituição, cometendo essas despautérios em defesa de si próprias? Inimaginável.
O livre-pensador, através da reflexão, não da crítica, aponta as idiossincrasias de um determinado contexto social, político, acadêmico, econômico. Ninguém deveria esperar que um livre-pensador seja um defensor de qualquer coisa, seria então um impostor.
Um livre-pensador é um subversivo, um "revelador" da ordem oculta, e por isso contraditória à realidade construída pelos inúmeros poderes que hoje disputam a hegemonia política. Essa postura irrita os autoritários porque tende a desatar os nós da ignorância coletiva. Mas até aí o livre-pensador encontra dificuldade de penetrar. Na maior parte das vezes é incompreendido e passa, pasmem, por infiel. Enquanto um mínimo razoável de verdade nas relações humanas não for restabelecido, estamos todos fadados ao fracasso moral, espiritual, psicológico e social.
A academia brasileira não acolhe os livres pensadores. Observem os "especialistas" que ela forma: todos com pensamento hegemônico. Quando entrevistados na mídia, quantos discordam? Quando juntos em Congressos ou Colóquios - discordam entre si? Só nos detalhes, na essência são unânimes. O conhecimento é refratário a esse ambiente intelectual hostil. A ciência carece de um ambiente onde a dúvida e a divergência são aceitas. Por dedução, não há ambiente para realizar ciência no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário