O fogo é um instrumento poderoso nas disputas de poder.
Sempre o mesmo modus operandi. Não é ausência de criatividade, é porque tem dado certo ao longo da história.
O incêndio no Parlamento veio a calhar para que o então chanceler, Adolf Hitler, pudesse colocar seu plano totalitário em prática. A desordem urbana, as disputas políticas acirradas, a economia em frangalhos, o povo com baixa autoestima, um sinistro contra o mais nobre símbolo de cidadania para os alemães fora a gota d’água para a insurgência. A imprensa colaborou fortemente para que o medo da população tomasse volume suficiente e Hitler impusesse, em acordo com o presidente, General Paul von Hindenburg, uma medida extrema ao instaurar o Decreto do Incêndio do Reichstag. A partir desse dia, meus amigos, as liberdades individuais foram suprimidas, foi montada uma organização de caça e prisão dos opositores políticos, a imprensa censurada e os poderes legislativo e executivo esvaziados. Hitler passou a governar por decreto e a formar uma das mais bem sucedidas e perigosas polícias políticas que se tem conhecimento: a Tropa de Proteção, conhecida pelo nome de Schutzstaffel. A SS atuava na segurança do regime e de seus comandantes, promovia a perseguição e a tortura dos oponentes do regime, e se dedicava à administração dos campos de concentração. Atribuições essas absolutamente legais.
Observem que um evento considerado apenas atípico pode ser usado como ferramenta política e mudar a história de uma nação. Não sou especialista no estudo do nazismo, mas já estudei o suficiente para identificar similitudes desconcertantes, para não usar outra expressão mais forte, na condução de ações “legais” de determinadas autoridades no Brasil. Perseguição política escancarada, inquéritos ilegais, prisões e condenações sem o devido processo legal, mídia oficial mancomunada, restrição da liberdade de expressão e, por fim, emboscadas e montagem de cenas cômicas se não fossem trágicas. Outra questão que não tem tido a devida atenção é a tentativa do atual ministro da justiça em unificar as polícias num só comando federal. Essa proposta demanda uma ampla discussão com a sociedade brasileira, pois requer alteração constitucional. Não pode passar batido.
Por fim, mas não menos importante, as atrocidades cometidas na Alemanha nazista tiveram apoio incondicional do judiciário alemão. Governo e juízes trabalharam unidos para desmontar a democracia, eliminar os opositores, perseguir e condenar políticos, e protagonizaram um projeto maligno que levou à morte milhões de inocentes.
Obviamente não estou a comparar a inteligência e a capacidade estratégica de Hitler e de seus generais à trupe paspalha esquerdista do consórcio que tomou o Brasil. Alguns diriam que é sorte nossa, eu digo graças a Deus!
Nada é por acaso.
Nádia Lúcia Fuhrmann
O texto reflete a opinião da autora baseada em fatos históricos, e amparada no art. 5º, incisos IV e IX, da CF/88.