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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

UFRGS. Sob Nova Direção

Reitor Carlos Bulhões e a vice reitora Patrícia Helena Lucas

O atual reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o odontólogo Rui Vicente Oppermann, está à frente da administração da Instituição desde 2008, quando assumiu como vice-reitor da chapa do médico Carlos Alexandre Netto. Ambos administraram a Universidade ao longo de duas gestões, ou seja, por oito anos. No ano de 2016, novas eleições internas conduziram o então vice-reitor Oppermann ao cargo de reitor e a sua companheira de chapa, a escritora Jane Fraga Tutikian, como vice-reitora. As nomeações foram sancionadas respectivamente pelos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Segundo o The Center for World University Ranking (CWUR), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul é atualmente considerada a segunda melhor instituição de ensino superior do Brasil, perdendo apenas para a USP. Aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente Bolsonaro, o orçamento anual destinado à UFRGS em 2019 foi de R$ 175.624.731,00. Ao mesmo tempo em que os astronômicos recursos enviados a uma só universidade causam perplexidade para o cidadão comum que, em última análise, sustenta o ensino superior público no Brasil, ocorreram inúmeras manifestações e críticas por parte da comunidade acadêmica ao considerar o montante insuficiente e ultrajante.
Nesta celeuma, todavia, há contradições tanto em relação aos dados quanto às críticas ao atual governo federal que merecem, no mínimo, uma reflexão. Por exemplo, os repasses empenhados via MEC para a UFRGS em 2008 foram de R$ 90.197,619. Em 2010, ano eleitoral, a UFRGS teve orçamento aprovado no valor de R$ 151.945,771. Em 2014, também ano eleitoral, o montante empenhado pelo MEC à UFRGS foi de R$ 241.219,410 milhões. Mas em 2015, o orçamento já havia sido reduzido para R$ 195.260,858 milhões. Percebam que no interstício de apenas 8 anos, o governo petista chegou a despender um acréscimo de 268% no orçamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Algo tão surreal, na minha opinião, que qualquer vã estatística não consegue explicar.
O governo brasileiro investe na educação superior 1% do Produto Interno Bruto – o mesmo que a Alemanha e mais do que Israel e do que os Estados Unidos; ambos investem 0,9% do seu PIB nas universidades públicas. Os Estados Unidos é o líder em laureados com o Prêmio Nobel, 338 Prêmios. A Alemanha possui 105 laureados e Israel já é detentora de 7 Prêmios Nobel na área da ciência.
Quantos Prêmios Nobel tem o Brasil? Nenhum.
Ninguém duvida que existam mil e uma justificativas para a baixa qualidade das pesquisas científicas no nosso País, nenhuma delas certamente terá a ver com a enganosa narrativa dos “parcos” recursos investidos nas universidades federais. Ademais, sequer um aumento nas matrículas na graduação ou mesmo na pós-graduação podem servir de causa para uma elevação no orçamento de tal magnitude. Na página “UFRGS em números” é possível verificar que as matrículas na graduação no ano de 2014 somaram 30.785. No ano passado, somaram 30.928. Um aumento de 143 alunos em 5 anos. Na pós-graduação (mestrado e doutorado) o acréscimo de orçamento é ainda menos justificável. Em 2014, havia 11.971 alunos matriculados em face dos atuais 4.019 – um decréscimo de cerca de 8 mil pós-graduandos.
Dois outros aspectos que mereceriam investigação acurada têm a ver diretamente com a evasão universitária na UFRGS e a redução geral da procura pelo vestibular. Em 2014, por exemplo, 42.044 candidatos inscreveram-se no vestibular. No ano passado, 28.503. Dados retirados do “PasseNaUFRGS”. Seria essa a “universidade para todos” da gestão petista?
Francamente, não surpreende o progressivo descrédito que vem afetando as instituições de ensino superior no Brasil. Vejam que já há um movimento encabeçado pela USP para instaurar uma admissão automática do mestrado para o doutorado. Ora, senhores – quem é da academia sabe, um mero instrumento para camuflar a incapacidade intelectual de muitos mestrandos de enfrentarem uma banca de arguição – o que tem dificultado as titulações com vista expressa a reprodução ideológica. No parque temático universitário de Neverland basta ter um doutorado para sair concedendo entrevistas como especialista na CNN ou na Globo News, desde que contemple as pautas da esquerda. Uma vergonha.
Por outro lado, existem atualmente demandas nas universidades federais que ultrapassam as questões éticas e se enxertam nos meandros da criminalidade. São abundantes as operações da Polícia Federal nos campi federais. Somente na UFRGS já houve condenação de docente por crime de racismo, e mais outros 28 indiciamentos de professores, servidores e bolsistas por desvios em bolsas de estudo. No ano passado, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em face da suspeita de desvios de recursos públicos em convênio firmado entre a UFRGS através da Superintendência de Infraestrutura (SUINFRA), e a Fundação de Apoio a Universidade (FAURGS). Mais de 100 pessoas teriam se beneficiado do dinheiro público. A Operação PhD prendeu em 2016 docentes que atuavam na Escola de Enfermagem da UFRGS. Eles são investigados por crimes de associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica e inserção de dados falsos em sistemas de informação. Além dessas “brevidades”, ironicamente o site “esquerda diário” veiculou uma matéria em 2016 em que sugere a suspeita de a UFRGS usar recursos públicos para beneficiar empresas privadas. Grandes corporações cooptam pesquisadores e usufruem da infraestrutura física e tecnológica das universidades, lucrando com o conhecimento pago pelo Estado. Isso ocorreu, por exemplo, através de um convênio entre o Instituto de Geociências da UFRGS e a petrolífera BG (British Gas). O Ministério Público Federal abriu investigação contra três professores que receberam quantias consideráveis por terem realizado um "Estudo Geológico Integrado da Formação Mucuri da Bacia do Espírito Santo", vinculado à extração do pré-sal. São docentes que já têm sobre seus vencimentos 55% de adicional de dedicação exclusiva às atividades acadêmicas, mas realizam na verdade projetos paralelos servindo-se do patrimônio público locupletando-se indevidamente. Em entrevista, o então reitor recém eleito em 2016 declarou ao jornal ZH de Porto Alegre que pretendia buscar recursos privados para a UFRGS, citando o banco BRICS, com sede em Xangai, na China.
E por aí vai...
Pois bem, a Lei 9.192, de 1995, estabelece como prerrogativa do Presidente da República a escolha do reitor e vice-reitor das instituições públicas de ensino superior, dentre uma lista tríplice aprovada pelo Colegiado máximo da instituição. Infelizmente, as universidades federais brasileiras, à semelhança de outras instituições públicas, tornaram-se currais ideológicos, locais em que se criaram castas familiares, partidárias, sindicais e confrarias de amigos que passaram a exercer um poder privado sobre um ente público, sem alguma fiscalização externa. As consequências deste modus operandi favoreceu o desenvolvimento de posturas antidemocráticas, autoritárias e até mesmo, eu diria, criminosas. Há uma deformidade na concepção do conceito de universidade perpetuada dentro das instituições federais de ensino que sustenta uma majoritária corrente doutrinária a qual se arroga o monopólio do saber e da verdade. Algo bem aos moldes do fascismo. Não fosse isso, qual razão faria enfurecer tal “comunidade” diante da escolha legal de um reitor pelo Presidente da República? Ah! Para os que perderam a notícia, uma deputada federal gaúcha, a petista Maria do Rosário, já foi mobilizada e protocolou ontem um projeto a fim de barrar a nomeação do novo reitor da UFRGS. Não encontrará na lei respaldo algum para alimentar seus ímpetos autoritários.
A esquerda curiosamente apresenta uma incompatibilidade patológica e irreversível com tudo e com todos que não se coadunam com a sua própria vontade. |Poderíamos definir como um comportamento birrento pueril se não fosse prepotente, abusivo, tirânico e, porque não dizer, xenófobo – já que o reitor a ser nomeado não é gaúcho, é nordestino.
Desde a posse em 2019, o presidente da República já nomeou 25 novos reitores em universidades federais, 14 deles não figuravam como primeiros das listas tríplices.
Parabéns ao Presidente Bolsonaro que corajosamente tem se empenhado em restabelecer a democracia e a meritocracia, critérios intrínsecos à qualidade do ensino e da pesquisa, no ambiente científico brasileiro. A chapa 1 da UFRGS venceu com a proposta de “uma gestão com menos partidarismo e mais modernidade, menos sectarismo e mais eficiência”.
Essa é a sinopse genuína da máxima “nós não temos partido, mas temos lado”.
Congratulações ao novo reitor da UFRGS, Prof. Dr. Carlos André Bulhões Mendes, e à vice-reitora, Profa. Dra. Patrícia Helena Lucas Pranke. Faço votos que realizem uma excelente gestão e que sejam ambos um marco na redemocratização desta Instituição tão cara aos gaúchos e ao Brasil.

Mice squeak, but the caravan goes on.


Foto de divulgação de Karine Viana